A estiagem severa que atinge Novo Xingu desde janeiro já provoca grandes impactos na produção agropecuária do município. Com uma baixa precipitação ao longo de 85 dias e agravamento nos últimos 40, todas as comunidades rurais foram afetadas, resultando em perdas significativas para os produtores.
De acordo com a Emater em vistorias realizadas em diversas propriedades, em conjunto com entidades locais, os prejuízos abrangem diferentes setores da economia agrícola.
O milho silagem safrinha, principal fonte de alimentação para os animais, apresenta uma perda estimada de 50%. A qualidade da silagem será comprometida, reduzindo sua eficiência nutricional. Inicialmente, a expectativa era colher 40.000 kg em uma área de 150 hectares, mas as perdas devem reduzir esse volume drasticamente.
Principal cultura do município, a soja também sofre os efeitos da estiagem. As lavouras semeadas mais cedo foram as mais prejudicadas devido ao déficit hídrico contínuo. Já as semeaduras posteriores ainda estão em fase de desenvolvimento, mas com previsão de perdas crescentes. A estimativa atual aponta para uma redução de 38% na produtividade esperada, que inicialmente era de 3.600 kg/ha, em uma área cultivada de 3.500 hectares.
Apesar de ser uma cultura perene, os citros também sentiram os efeitos da seca. Os frutos apresentam menor desenvolvimento e há registros de queda prematura. Em pomares mais novos, algumas plantas não se desenvolveram adequadamente. A projeção é de uma perda de 20% da produtividade, antes estimada em 50.000 kg/ha, em uma área produtiva de 60 hectares.
A produção leiteira já registra queda de 20% em relação à média dos últimos anos. A estiagem comprometeu a renovação das pastagens de verão e a colheita do milho silagem safrinha, o que impacta diretamente a alimentação dos animais. Além disso, produtores relatam problemas reprodutivos no rebanho. Atualmente, Novo Xingu conta com 1.850 cabeças em produção.
Culturas de Segurança Alimentar, como Hortas e pomares domésticos, fundamentais para a alimentação das famílias rurais, também foram prejudicados. Muitas culturas perderam o período ideal para semeadura e frutificação, sendo necessário aguardar um novo ciclo para recuperação. Um estudo da Emater Regional de Frederico Westphalen (2017/18) revelou que uma família rural de quatro pessoas, ao produzir seus próprios alimentos, economiza cerca de R$ 1.518,00 por mês.
Na Olericultura Comercial até o momento, produtores com sistemas de irrigação conseguem manter suas lavouras sem perdas expressivas. No entanto, os reservatórios de água estão em nível crítico e há risco de prejuízos caso a estiagem persista e a disponibilidade hídrica diminua ainda mais.
Os poços artesianos seguem abastecendo a população, mas com capacidade reduzida, o que exige uma ampliação do volume diário disponível. Já para os animais, os bebedouros operam com apenas 40% da capacidade e muitos já estão secos. Algumas sangas também estão praticamente secas, enquanto a maioria das nascentes ainda consegue suprir as necessidades básicas das famílias.
Diante da gravidade da situação, especialistas alertam para a necessidade de ações emergenciais, como suporte aos produtores afetados, estratégias de conservação de água e alimento para os animais, além de incentivos para as famílias rurais que dependem da agricultura de subsistência.
As entidades locais seguem acompanhando a situação e discutindo medidas para minimizar os impactos dessa estiagem histórica em Novo Xingu.